segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Educação Especial - O nosso Agrupamento...








A ideia de criar este Blogue surgiu da necessidade de criar um espaço aberto, receptivo a comentários ou troca de opiniões/informações que possam optimizar a acção de todos aqueles que, em diversos contextos, interagem ou possam vir a interagir com crianças/jovens com necessidades educativas especiais, portadores de diversas patologias. Pretendemos, ainda, divulgar um pouco do nosso trabalho, desenvolvido no âmbito da Educação Especial no nosso Agrupamento, envolvendo docentes, psicólogos e outros técnicos que, diariamente, tentam proporcionar a estes alunos, a igualdade de oportunidades no acesso à Educação, bem como, possibilitar uma melhor integração social.






Educação Especial – No rumo de uma Escola Inclusiva

A Educação Especial, ao contribuir para uma concepção de Escola Inclusiva, surge como uma proposta que sugere mudanças na visão da abrangência do ensino, através da adopção de práticas pedagógicas que se adeqúem às exigências da pluralidade discente, visando o sucesso académico de todos, bem como, da mobilização de meios e recursos que se ajustem a essas necessidades.
O conceito de Escola Inclusiva adquiriu uma maior notoriedade com a Declaração de Salamanca, no âmbito da Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais. Esta necessidade de criar “Uma Escola para Todos” veio introduzir profundas alterações nos Estabelecimentos de Ensino Regular. Segundo as conclusões reafirmadas nesta Declaração, as Escolas de Ensino Regular “constituem os meios mais capazes para combater as atitudes discriminatórias, criando comunidades abertas e solidárias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos” (Unesco, 1994, p.8-9).
Ultrapassado o impacto inicial que esta mudança originou no seio das Escolas, actualmente, todos convivemos, de forma natural, com esta realidade. Foi já possível ultrapassar inúmeras barreiras assentes em atitudes preconceituosas e fechadas, construindo-se, gradualmente, comunidades educativas abertas e receptivas à diversidade e à diferença. No fundo, foi-se concluindo, que estas comunidades se tornaram muito mais humanizadas, fruto da componente solidária que se foi implementando. Por outro lado, sendo um processo que envolve uma reestruturação permanente nos mecanismos de resposta à diversidade de todo o corpo discente, acentua-se, também, uma outra componente, sustentada em valores democráticos que garantem o direito ao acesso à Educação de todos os alunos, tendo em atenção as suas especificidades. Esta visão faz parte de uma estratégia mais abrangente, que ultrapassa os muros da Escola, promovendo, paralelamente, a construção de uma sociedade, também ela, inclusiva.
Sendo certo que muito foi feito de então para cá, a realidade indica-nos que muito haverá ainda por fazer. Dito de outra forma, existe uma certa discrepância entre o plano da intenção e o plano da concretização.
Todos sabemos a importância que a Educação Especial assume no acesso a estruturas, sistemas e metodologias de ensino que atendam às necessidades de todos os alunos. O sucesso educativo de todos, não deveria conhecer entraves nem condicionalismos de ordem material e de recursos humanos, que colocam em risco a rentabilidade do trabalho desenvolvido. Infelizmente, deparamo-nos, no dia-a-dia, com a escassez destes meios. No entanto, o caminho a seguir não é, seguramente, baixar os braços. Essas limitações apresentam-se como um desafio que impulsionam, ainda mais, a acção. Uma acção que deve pautar-se pela dedicação, responsabilidade, persistência e sustentabilidade nas opções, de forma a que se adeqúem ao contexto e produzam resultados positivos.
Apesar de algumas das lacunas persistirem ao longo do tempo, refira-se que, nos últimos anos, assistiu-se a uma grande reestruturação da Educação Especial, por força da publicação do Decreto-Lei nº3/2008 de 7 de Janeiro. O processo de elegibilidade de alunos portadores de limitações significativas de carácter permanente, ao nível da actividade e participação, num ou em vários domínios, a serem abrangidos pelas medidas educativas no âmbito da Educação Especial, previstas no referido normativo, passou a reger-se tendo por referência a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), da Organização Mundial de Saúde.
De acordo com os dados obtidos em resultado da avaliação efectuada pela Equipa Multidisciplinar envolvida neste processo, os Serviços Especializados de Apoio Educativo, contando sempre com a necessária anuência dos Encarregados de Educação, accionam os mecanismos necessários à promoção do potencial de funcionamento biopsicosocial dos alunos.
É este o propósito pelo qual se rege o Subdepartamento de Educação Especial do nosso Agrupamento. Congregar esforços que garantam a equidade do acesso à Educação de todos os alunos, independentemente das suas limitações, é o motor da nossa acção. Os Serviços Especializados de Apoio Educativo tentam recorrer a todos os meios que têm ao seu alcance, no sentido de promover o conceito de “Uma Escola para Todos” e desenvolver comunidades educativas solidárias e inclusivas.
A Educação Especial ao organizar-se segundo modelos diversificados de integração em ambientes de escola inclusiva e integradora, garante a adopção de estratégias o menos restritivas possível, valorizando e implementando o conceito de Escola Inclusiva afastando, definitivamente, qualquer tipo de segregação ou exclusão de alunos com Necessidades Educativas Especiais, protagonizado por paradigmas do passado.

Laurentina Mesquita
Docente de Educação Especial





Unidade de Apoio Especializado para a Educação de alunos com Multideficiência e Surdocegueira Congénita

UAEM de Caxinas


Esta Unidade constitui uma resposta educativa para responder às necessidades específicas de alunos matriculados na escola de Caxinas, com limitações acentuadas ao nível da actividade e participação, decorrentes de alterações funcionais e estruturais de carácter permanente, tendo como objectivos:

· promover a participação dos alunos nas actividades curriculares e de enriquecimento curricular junto dos pares da turma a que pertencem;
· assegurar a criação de ambientes estruturados, securizantes e significativos para os alunos;
· proporcionar os apoios necessários, ao nível de terapias específicas, aos alunos que deles possam necessitar;
· aplicar metodologias e estratégias de intervenção interdisciplinares, visando o desenvolvimento e a integração social e escolar dos alunos;
· proceder às adequações curriculares necessárias;
· adoptar opções educativas flexíveis, de carácter individual e dinâmico, pressupondo uma avaliação constante do processo de ensino e de aprendizagem dos alunos e o regular envolvimento e participação das famílias.

Nos seus aspectos organizacionais e funcionais a Unidade reúne uma série de requisitos que obrigou o Agrupamento Afonso Betote a mobilizar um conjunto de recursos materiais e humanos, direccionados para as necessidades específicas da população a quem esta Unidade se destina.
A Unidade de Caxinas funciona numa sala de aulas normal, localizada no primeiro andar e junto a entradas directas do exterior, uma vez que a Escola não tem elevadores para deslocação ou transporte de crianças com dificuldades motoras. Tem no seu exterior uma casa de banho adaptada, para além de um pequeno espaço com bancada e banheira para a higiene.
O seu horário de funcionamento é das nove horas às dezassete e trinta; os serviços da Câmara Municipal de Vila do Conde asseguram o transporte das crianças que se deslocam em cadeira de rodas e os almoços dos alunos são fornecidos pela escola. Prestam apoio à Unidade duas auxiliares, duas professoras especializadas em Educação Especial, assim como terapeuta ocupacional, terapeuta da fala e psicóloga, estas última resultantes do projecto de parceria do Agrupamento com o Centro de Recursos Madi.
Domínios/Áreas de intervenção:
A criança com multideficiência ou deficiência mental severa, não aprende da mesma forma que as restantes crianças, uma vez que as suas dificuldades cognitivas, sensoriais, motoras, comunicativas e comportamentais influenciam o seu desenvolvimento global. O professor deve procurar conhecer o mais possível a criança e o meio onde esta funciona, de modo a eliminar ou minimizar barreiras que possam existir, permitindo-lhe uma intervenção direccionada para as suas características específicas. Dever-se-á assegurar um equilíbrio entre todas as Áreas de Desenvolvimento, sendo as mais importantes:
· socialização;
· autonomia;
· comunicação;
· motricidade;
· cognição;
· estimulação sensorial.
As áreas descritas são continuamente estimuladas, a partir de uma planificação que tem em conta as necessidades da criança (actuais e do futuro), da família e do ambiente escolar.
A estratégia de participação dos alunos nas turmas de inserção, com idas às salas de aula em curtos momentos diários, tem constituído um factor decisivo para o desenvolvimento de competências no plano da socialização dos alunos, permitindo uma constante interacção entre pares.


Aida Maria Ferreira Pinto

Docente de Educação Especial

Sala de Recursos na EB2.3 de Frei João

A sala de recursos na EB2.3 de Frei João encontra-se aberta a partir das 9h.10m da manhã até às 17h.30m, de 2ª a 6ª feira, ininterruptamente. Nesta sala é ministrado apoio a 12 discentes com uma diversidade de deficiências.
Podemos dizer que é um desafio constante trabalhar com todos estes alunos e é com agrado que nos dedicamos a todos eles, com empenho e profissionalismo inerente a esta digna e gratificante profissão.


ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM

Idade Pré-Escolar


► Grupo dos 3A aos 4A


• Diz nome, idade, sexo e mês de nascimento.
• Percebe perguntas como: “onde”, “quem”, “o quê” e sabe as noções espaciais: “à frente”, “atrás”, “dentro” e “fora”.
• Consegue expor factos contados, portanto, não vividos pela criança.
• Constrói frases simples, até quatro/cinco palavras, essencialmente justapostas/coordenadas e perceptíveis por qualquer pessoa.
• Identifica rimas muito simples como as terminadas em –ão ou –ar.


► Grupo dos 4A aos 5A


• Percebe instruções complexas, responde a perguntas simples e mantém o tópico da conversa.
• É capaz de, por iniciativa própria, questionar acerca do significado das palavras e outros assuntos, com uma articulação correcta de quase todos os sons da Língua Portuguesa.
• O discurso é cada vez mais complexo, com aumento de palavras por enunciado (até cinco/seis) e utilização da subordinação.
• Começa a usar frases exclamativas, interrogativas e imperativas, além das declarativas.
• Divide as palavras em sílabas através do bater de palmas.


► Grupo dos 5A aos 6A


• Compreende conceitos opostos e domina a leitura global.
• Tem noções temporais como: “manhã”, “tarde”, “ontem”, “amanhã”, dias da semana e numeração ordinal.
• Participa activamente na leitura de histórias conhecidas, completando frases ou mesmo corrigindo pormenores.
• Consegue levantar hipóteses — início da utilização do Condicional do Indicativo.
• .Reconhece e comenta a rima acidental (“olha, o que disseste até rimou”).


Idade Escolar


► Grupo dos 6A aos 9A


• Consegue dizer por que som começa a palavra.
• Compreende e usa sinónimos.
• Compreende e utiliza o duplo sentido e a metáfora.
• Descobre ambiguidades e “disparates” (ex. as cadeiras mordem).
• Consegue dizer uma palavra, juntando os sons que o adulto lhe dá (p+a+t+o = pato)


ACONSELHAMENTO AOS PAIS, EDUCADORES E PROFESSORES

Idade Pré-Escolar


► Grupo dos 3A aos 4A


• Encorajar o registo escrito, o desenho ou qualquer actividade que implique representação a duas dimensões.
• Dramatizar/Teatralizar as histórias ou lê-las de forma muito expressiva, facilitando a sua compreensão e assimilação.
• Proporcionar a audição de sons do meio, palavras e comunicações orais, para captar, identificar, reconhecer e distinguir os sons e associar ao significado.


► Grupo dos 4A aos 5A


• Ajudar a perceber as histórias, substituindo certas palavras por sinónimos ou prolongando a explicação de uma ideia.
• Abordar a poesia e trabalhar as rimas com experiências concretas.
• Explorar o habitar e a alimentação dos animais, bem como as profissões dos familiares por exemplo.


► Grupo dos 5A aos 6A


• Estabelecer nas crianças o planeamento do dia, através do registo gráfico de actividades estruturadas.
• Responder às perguntas das crianças com “o que é que tu achas?”, dando-lhes mais oportunidades de pensar e descrever possibilidades/soluções.
• Treinar a divisão silábica de palavras com uma, duas ou mais sílabas.


Idade Escolar


► Grupo dos 6A aos 9A


• Descobrir palavras começadas por uma sílaba dada e depois por um som dado.
• Construir rimas, a partir de uma palavra dada.
• Encontrar a palavra dentro da frase, a sílaba dentro da palavra ou o som dentro da sílaba.



CONCLUSÃO
Procure educar, ensinar e admirar a sua criança em cada barreira vencida.

Bibliografia

1- American Speech and Hearing Association (ASHA): Preventing Speech and Language Disorders, 2009. Disponível em URL: http://www.asha.org/uploadedFiles/PreventingSpeechandLanguageDisorders.pdf; 2- American Speech and Hearing Association (ASHA): Prevention of Comunication Disordesrs, Healthy People 2000. Education Kit. Maryland: ASHA; 3- EDUCAÇÃO, M.. Domínio da comunicação, linguagem e fala – Perturbações Especificas da Linguagem em Contexto Escolar, 2003; 4- RIGOLET, S.. Para uma Aquisição Precoce e Optimizada da Linguagem: Linhas de orientação para crianças até 6 anos. Lisboa: Porto Editora, Lisboa (2006); 4- SIM-SIM, I.. Desenvolvimento da Linguagem. Lisboa: Universidade Aberta (1998; .5- SUA KAY, E.; SANTOS, M. (2003). GOL_E (Grelha de Observação da Linguagem-nível escolar), Escola Superior de Saúde do Alcoitão.

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